O telefone dela tocou, a casa estava silenciosa, e o som do toque ecoou por todos os cantos.
-Alô? - atendeu ela, com a voz rouca causada pelo choro.
-Oi, você tem um tempo para conversarmos? - era ele, o motivo de seu choro.
-O que você fez não tem reparos. - ela sussurrou e sentiu a garganta doer, era o choro forçando para sair.
-Eu só preciso que você me escute. - ele implorava.
-Seja breve. - ela estava mais seca, mais fria.
-Não, tem que ser pessoalmente. Estou indo para sua casa. - e desligou o telefone. Ela ficou ali parada, com o fone ainda no ouvido e as lagrimas descendo.
O que ele tinha feito havia a magoado muito, ele havia mentido, a enganado e destruído seu coração de todas as maneiras possíveis. Ela não podia perdoar.
A campainha tocou e ela percebeu que ainda estava com o fone no ouvido. Levantou-se então do sofá, colocou o fone no gancho, limpou as lagrimas do rosto, respirou fundo e foi atender a porta.
Ao abri-la deparou-se com ele, mas algo estava diferente, seus olhos estavam cheios de lagrimas, ela nunca o vira chorar antes.
Nenhum dos dois disse algo, ficaram se fitando, ela desviou o olhar e percebeu o quanto o céu estava nublado.
-Posso entrar? - ele finalmente quebrou o silencio. Ela apenas saiu da frente dele, e ambos entraram na casa.
-Como eu disse, seja breve. - e esse era o novo jeito dela, ele a transformara nisso.
-Por favor, deixe-me dizer tudo… - ele fechou os olhos e algumas lagrimas escorreram por seu rosto, ela podia sentir o quanto estava sendo difícil para ele - Eu sei que não vai adiantar muita coisa, mas mesmo assim quero te dizer: Eu espero que você acredite, eu realmente amo você, eu te desejo como nunca desejei ninguém. Tudo o que eu já te disse foi verdade, cada palavra, cada momento, cada sentimento, cada olhar… - ela estava de pé, há uns dois metros de distancia dele, de braços cruzados e lagrimas pelo rosto, não queria acreditar em nenhuma palavra dele, mas ela era fraca, uma estupida apaixonada, mas não demonstrou - Sabe, eu nunca parei de pensar em você, desde o momento em que nos conhecemos…
Eu não esqueci do que havia te prometido, você ainda se lembra? Eu havia prometido que iriamos passar nossas vidas toda juntos, prometi que iria cuidar de você, e que morreria por você… Eu sei que você esta magoada e chateada, mas eu quero que você saiba que nunca menti a respeito de meus sentimentos. Entenda, eu te amo minha pequena. - e o coração dela, que já estava apertado, se apertou ainda mais ouvindo o jeito carinhoso que ele a chamava. - Eu te amo! - sussurrou.
Ela deu apenas um passo para frente, querendo ceder, mais quando um coração é partido uma vez, é muito difícil e demorado repara-lo.
-Essa foi a parte mais fácil, agora vem a difícil: Eu vou embora, sairei da cidade… da sua vida, como você havia me pedido. - Ele se aproximou dela, deu-lhe um beijo na testa, virou as costas e foi embora.
Ela continuou ali, paralisada, calada, não sabia o que fazer, estava completamente sem reação. Sentiu um buraco em seu peito, lagrimas jorrando…
-Acho que essa é a sensação de estar morta estando viva. - sussurrou para si. E então ela desabou no chão, chorando loucamente.
-Idiota! Idiota! - não sabia se estava xingando a si mesma ou a ele. - Você foi egoísta! Veio aqui para descarregar tudo em mim e me deixar com a culpa toda. - ela gritava, esperando que ele a ouvisse, mas isso não era possível, ele já havia ido embora.
Então ela percebeu que, apesar de ele ter partido seu coração, ela sentira uma dor maior ainda quando ele foi embora; era uma dor avassaladora, doía por todo seu corpo.
-Estupida! - ela dizia entre os soluços de choro, esgotando suas forças restantes.
Mas no fundo ela sabia que parte do erro era dela, ela havia deixado ele partir.
Os dias iriam passando, a dor melhorando, mas não sendo curada, e ela havia se tornado uma pessoa diferente, mais forte, mais fria.
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